segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Professora Marilene.

Desde cedo ela demonstrava o quanto queria aprender. Adolescente ainda, chegava em casa com pernas ralada, joelho esfolado, para aflição de Dona Joana. É que Marilene participava de tudo no colégio. Corrida, jogos diversos, era baliza dos desfiles da semana da pátria, ufa...Deu no que deu! Formou-se em Educação Física, estudava balé e acumulava medalhas, respeito e amigos.
Fez todos os cursos que apareciam para adquirir conhecimentos em época em que as mulheres eram mais acanhadas, como o de Juíz de futebol. Ganhou campeonatos, o de Arco e Flecha, criou grupos de dança, foi jurada de desfile de escola de samba, é bailarina, coreografa e ensina pelo Brasil como os sonhos podem se tornar realidade.
Persistência e amor à arte e a vida é o que não lhe faltam. Num país que pouco valoriza a dança, vem desenvolvendo projetos, com muita dificuldade e pouca ajuda, mas deixando no coração dos que privam de sua presença esperança e superação. Essa forma de ensinar e a vontade de mostrar que o esporte, a dança e a arte fazem parte da vida plena, foi seu cartão de visita para receber convites, fazendo coreografias para desfiles de Escolas de Samba, formando grupos de dança para deficientes, organizando oficinas em diversas cidades.
As dificuldades em levar adiante esses projetos não lhe tiraram o ânimo. Muito pelo contrario, procurava ajudar também os outros. Eu nem sempre sabia de todas suas atividades, mesmo sendo irmã, ela em Belém, no Pará e eu em Porto Alegre, não nos comunicávamos sempre. Num certo dia, minha outra irmã que morava em São Leopoldo pergunta: viste o Programa tal? Como não assisti ela relata: uma das entrevistadas que buscava auxilio para um filho com problema raro, diz que das poucas pessoas que apoiaram sua luta foi da Professora Marilene Melo de quem recebeu o maior incentivo para buscar ajuda. Seu filho fazia natação gratuitamente na sua Academia. Marilene não contava seus feitos.
Atualmente está radicada em São Paulo com a filha, continua trabalhando mesmo aposentada, mas não aposentada da vida e dos sonhos. Há poucos dias me escreveu emocionada. “Mana, tenho recebido prêmios, procurei levar o nome do Pará, sua cultura para longe e agora recebo uma bela notícia. Li no site do MINC, Secretaria da diversidade, os resultados dos projetos premiados para pessoa idosa. Está no Diário Oficial. Fui aprovada com a maior nota do segmento. É o resultado de mais de 30 anos de trabalho apaixonado pela dança. Serão 5 apresentações em Belém e 5 em São Paulo”.

Parabéns Marilene. Continue ajudando as pessoas a sonharem.











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